[falas-me de um sorriso que esvoaça]

falas-me de um sorriso que esvoaça

em redor da luz

de uma nascente

onde as palavras são puras

cristalinas

com seus corações de água

e eu aqui

sentado neste café

olhando o mundo a passar

tão concreto como uma navalha

rasgando a pele da solidão

mas escuto-te

persisto em acordar a tua voz

entre sombras e escombros

que restaram do tempo

em que fazer memória

valia a pena

perscruto o que reside

dentro das vidraças

estas ruas por onde o olhar se faz

vagabundo

talvez com a secreta

esperança

de encontrar o fio de ouro

em que se tece a tua voz

Xavier Zarco
Enviado por Xavier Zarco em 05/10/2006
Código do texto: T256860