Adeus (um adeus)
Nada aconteceu na despedida calada
sem emoção,
lembranças todas juntas naquele silêncio provocado,
propositado,
jamais desfeito,
caminhos afastados em olhares trocados impuros
onde o vento forte abanava palavras mudas
no sossego intemporal de tímido sorriso
logo desfeito,
desinquieta curta memória tudo repetindo sem respiração pausada
inspiração alguma,
amontoado desconcertante do todo desfeito imparável
em segundo eterno,
daquela queda repentina no escorregadio abismo
na surpresa suposição de recomeço sem inicio,
uma ida sem retorno, sempre adiada.
Comboio chiava sobre trilho infindável
apetecia correr a seu lado como criança,
nada aconteceu em tantos nadas constantes,
nem uma mão levantada, um olhar fugidio sequer,
apenas a sensação de tudo recomeçar
por outra estrada, paisagem,
o sol desconhecido regressou tapando naquela pincelada
assustadora,
escuridão indiferente à emoção inexistente.