RELÓGIOS...
 
Por muito tempo, - Tempo perdido?
Tive medo, muito medo, do que trazia na alma,
E em meu coração...
Precisei andar muito, gastar solas de sapatos e dedos,
Conviver com fadigas, com medos, para entender, e aceitar,
Que tudo tem o seu tempo!
A alma, o coração tem seu próprio tempo,
Independente dos relógios de outras gentes...
Precisei derramar muitas lágrimas,
Para entender que minhas mágoas,
Nem tinham tantas razões de ser, ou de não ser...
E que meus sorrisos, não careciam dos outros para existir,
Mas com outros, tinham melhores motivos para permanecer...
Precisei viver...
E não deixar-me esvair, como um sonho
Que a manhã faz desvanecer...
Precisei ver morrendo, em mim, aos poucos,
Minhas fantasias e sonhos loucos...
Precisei conhecer-me, reconhecer em minha alma, e
No coração pulsando no meu peito,
O seu próprio tempo...
E deixar-me guiar por seus relógios!
Precisei largar-me inteiro, em minhas mãos,
Apoiar-me, em minhas forças...
Confiar minha vida, ao sabor do relógio do meu coração,
E o da alma minha...
Precisei confiar na vida, e me renovar a cada instante,
A cada dia...
E seguir, sempre em frente!
Para enfim ser, sem o ser completamente,
Uno comigo mesmo...
Inteiro!
O relógio do meu coração funciona ainda,
Compassado com o da minha alma...
Só eles sabem quanto tempo resta-me de vida!
Que vou vivendo, pouco a pouco, cruzando com calma,
Cada centímetro de estrada,
Que hoje sei, e me alegro, não é só minha!
 
Edvaldo Rosa
20/10/2010
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