MAIS UM DIA NA CONSTRUÇÃO DE TODOS

Hoje lembrei do nosso dia juntos,

Dos dois colchões no chão,

De você dizendo para eu te acordar,

De você mentindo que eu ronquei como um porquinho,

De você acordando e você dormindo.

Mais um dia perfeito,

Cochilei no chão da sala

E acordei contigo vindo em minha direção.

À tarde panhamos acerola... Na verdade,

Você achou que era café.

Depois sentamos debaixo da árvore,

Você carinhosamente cuidava da minha dor de ouvido

Com todo carinho do mundo

De uma maneira que jamais vou esquecer.

Um dia perfeito,

Perfeito como é.

Depois você me enchia de doces

E me empanturrava de bombons, que eu adoro,

Mas estava tão cheio, que os guardei no bolso para comer depois.

Em seguida foi buscar o jogo de xadrez para passarmos o tempo.

O tempo passou e como num jogo

A sorte virou, o dia virou.

Também pudera...

Para nossa cultura capitalista

Até a felicidade tem preço,

Preço o qual sabemos se podemos pagar,

Preço o qual sabemos se queremos pagar,

Preço o qual sabemos se estamos dispostos a pagar,

Preço cujo não se paga em moeda

Mas se investe com a vida.

Contudo, há um porém, para essa mercadoria

Não há vendedor, não existe cliente

Porque ambos constroem a mesma coisa

E eu, eu invisto a minha vida em nós dois,

Mas se não há vendedor, não existe cliente,

Por isso lhe dou os meus dias

Para que possa me entregar os seus.

Caso ambos não invistam,

Caso ambos não se permitam,

O colchão será só um,

A noite perfeita será apenas noite,

E o acordar pode ter o toque de um despertador.

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Extraído do livro: PENSAMENTOS & POESIA, disponível para download na seção e-livros.