Verdes Cinzas
O verde.
Verde que pisca
E inflama
O verde que alaga
E que chama
O verde que avermelha
Verde que sobe a montanha.
O verde que desce
E corta, e arranha
Verde que escorre
E socorre
E afunda, e desgraça
Na sua graça
De verde disfarçado
De vermelho-dama.
O verde que ilude
Que alude, despista
No fio dourado,
Ondulado
Do outro lado da tela,
Do outro lado do mundo
Tão perto
Tão longe
Tão profundo.
O verde que olha, que segue
Que fere
interFere
Aprisiona, liberta
Verde que cobre o corpo, que aperta
E se sonha
Que não se tem,
Que não se quis.
O verde que vai descolorindo
E desabrocha na folha do campo
Do pátio, do bosque
Na folha do jardim.
Verde que chega ocupado
Verde ausente,
Verde longe daqui.
Tapete de cinzas
Que no campo se espalha
Da partida da planta
Que na morte se molha,
O verde que some
No fundo do pátio
Na escuridão se consome
Abandonando cada fato.
Verde de amor, e de mato!