Verdes Cinzas

O verde.

Verde que pisca

E inflama

O verde que alaga

E que chama

O verde que avermelha

Verde que sobe a montanha.

O verde que desce

E corta, e arranha

Verde que escorre

E socorre

E afunda, e desgraça

Na sua graça

De verde disfarçado

De vermelho-dama.

O verde que ilude

Que alude, despista

No fio dourado,

Ondulado

Do outro lado da tela,

Do outro lado do mundo

Tão perto

Tão longe

Tão profundo.

O verde que olha, que segue

Que fere

interFere

Aprisiona, liberta

Verde que cobre o corpo, que aperta

E se sonha

Que não se tem,

Que não se quis.

O verde que vai descolorindo

E desabrocha na folha do campo

Do pátio, do bosque

Na folha do jardim.

Verde que chega ocupado

Verde ausente,

Verde longe daqui.

Tapete de cinzas

Que no campo se espalha

Da partida da planta

Que na morte se molha,

O verde que some

No fundo do pátio

Na escuridão se consome

Abandonando cada fato.

Verde de amor, e de mato!

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 19/10/2010
Reeditado em 19/10/2010
Código do texto: T2566434
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