Desejos de um poeta...

Não quero ser um poeta

Que aborda apenas questões

Românticas, muito menos

Sofridas, do dia-a-dia...

Não quero ser um poeta

Que escreve o que vive.

Mas, que vive o que escreve

Conduzindo a vida com as palavras...

Não quero ser um poeta

Preto e branco...

Quero demonstrar a tonalidade

Em cada letra que escrever...

Não quero ser um poeta

Famélico pelos noticiários

Putrefatos da atualidade.

Nem os de minha circunvizinhança...

Não quero ser um poeta

Que olha o espelho

E descreve a fisionomia

Como momento de amargura...

Não quero ser um poeta

Romântico, parnasiano

Simbolista ou barroco...

Quero ser a essência de um estilo singular.

Não quero ser um poeta

Seguidor da métrica e da rima...

Perfeccionista no escrever

Muito menos no agir...

Não quero ser um poeta

Simplório, informal...

Nem mesmo semi-coloquial

Quero ser a padronização ambulante.

Não quero ser um poeta

Que entra em um labirinto

E em melancolia desaba-se

Sem forças para encontrar a saída...

Não quero ser um poeta

A espera de um braço égide.

Nem mesmo que o sofrimento

Seja lenitivo em minha desdita...

Não quero ser um poeta

Que se deixa deslocar

Por uma simples ventania...

Quero ser resistente como a montanha.

Não quero ser um poeta

Que se entrega a qualquer dor...

Fazendo da situação

Uma razão à escrita.

Quero ser O poeta.

Eu, individual...

Desenhar meus pensamentos, num só risco.

Acontecimentos do meu mundo.

Quero ser O poeta.

Revolucionário,

Atualizado, pós-moderno.

Sensível a todas as situações...

Quero ser O poeta.

Amigo, companheiro...

Presente em todos os momentos

Incessantemente...

Quero ser O poeta.

Ser O poeta.

O poeta.

Poeta.

alex alves
Enviado por alex alves em 18/10/2010
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