UMA OUTRA CANÇÃO
Não sei como se explica
Essa sede
A voracidade
Com que me tomas em teus braços
E bebes dos meus lábios
Sorvendo de mim um veneno
Um antídoto
Não sei como se explica
A intensidade com que me tocas
Roçando de leve teus dedos em meu corpo
Ferindo meus princípios de inviolabilidade
Tocas também a minha alma
Remexes meus sentimentos
Desestruturando e fazendo ruir
Aquilo que pressupus inabalável
Não sei como se explica
Esses instantes em que fervo
E que perco os sentidos
Essa dança em que me conduzes
Tão sublimemente
Mesmo sem saber qual a música
E o próximo passo
Não sei como se explica
Como se perde referencias
Em questão de segundos
Como se entra em transe
Após um suspiro
Como se continua em brasas
Mesmo terminado o incêndio.