CLARIVIDÊNCIA

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Meço as distâncias e a força.

Gostaria de ser vidente,

Mas não sou.

Na verdade, eu o sou,

Mas apenas um pouquinho!...

Um

Pouquinho

Só!

Melhor dizendo,

Clarividente!

Eu leio números,

Leio a casa descascada,

Leio as cascas desprezadas, das cigarras...

Não leio as linhas das mãos,

Mas leio os calos das mãos que trabalham...

Leio cara feia e cara bonita,

Leio desculpas,

Leio segundas-intenções mal disfarçadas;

Algumas vezes, leio má-fé.

Leio fome de alimento no corpo físico,

E fome de amor, no coração e na alma...

Leio fidelidade nos homens fiéis;

Leio ágios,

Pedágios,

Presságios;

Leio cartas dos amigos,

Mas não leio as do baralho.

Leio e-mails, revistas, jornais...

Leio uns sempres e uns jamais...

Leio fogo de lenha seca

E fumaça de lenha verde molhada...

Leio perigo na encruzilhada,

Leio a dor na face da mãe que vê faca pra o filho apontada!

Leio amor em cada noite estrelada!...

Eu levo a crise da criatura inacabada...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 04/10/2006
Código do texto: T256054