CICLO DA NATUREZA I
Natureza angustiada
Chegado à floresta
me deparo com o espaço coberto.
Os raios da vida do
sol inclemente
chegam do céu com sono
na letargia da natureza morta.
(já sem vida, as folhas e
flores jogadas no tapete
brincam de esconde-esconde)
A brisa as levanta de leve
farfalhando os pés desnudos
das árvores matizadas.
Colho o último fruto da
orgia do pólen fecundado.
O sono vem me buscar
e me transporto à natureza
das angústias próprias.
Doídas, com cheiro de flor,
desnudas.
Vazio em que me perco,
com sono e com medo
mas com fé
na folha seca
do AMANHÃ.
– Do livro FORÇA CENTRÍFUGA. Porto Alegre: Livraria e Editora P. Alegre, 2ª ed., 1979, p. 17:8.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2559836