A Melhor Amiga do Canalha
Ela senta ao meu lado
e me mostra a calcinha
mete a mão na minha nuca
e implora para
que eu a deixe louquinha.
Ela me dá abraços apertados
e me lambuza a bochecha
com beijos molhados
e pergunta: "Eae, Rafael!?
De onde é que sai
todo esse mel?"
Ela é a única que me entende
e assiste tudo de camarote
e despreza e desdenha
as que dão
inaladas no meu cangote.
Ela, desde o começo, sabia
que meu segundo nome
era cilada mas, mesmo assim
marcava umas rapidinhas
na esquecida escada.
Ela me dá um sorrisinho sem graça
todos os dias, ao me dar bom dia
e sua melhor amiga veio confirmar
o que desde o começo eu já sabia.
Ela me caçoa sempre
que o inevitável destoa;
das oferecidas é a inimiga
que a invejam por ser
minha melhor amiga.
As outras
suscitam rumores
e forjam intrigas,
instilam dissabores
e, por elas, com isso
o meu desprezo arraiga.
Não compreendem que,
na tal sedução,
eu não passo de um charlatão
e, quando me perguntam
sobre o mel
não sabem que aqui, em mim
o que impera é o fel.
Mas ela, a melhor
sabe qual é a real
reconhece o meu valor
e até me dá moral.
Não troca sua atenção
e nem faz escarcéu
com o intuito único
de me levar pro motel.
Você é um anjo perdido
que apareceu na minha vida
e na escuridão dos meus dias
é como um raio de sol.
E estes versos são pra você,
minha praga, minha ruiva,
minha melhor amiga
chamada Carol.