MEU CALVÁRIO
Aninhei-me na resoluta imaginação,
e viajei pelos impensáveis arredores do mundo,
corri na planície da sensação,
ultrapassei a muralha dos sonhos,
e nas cercanias da fonte da ilusão,
avistei a decrépita decepção
rindo num canto
o pranto da desilusão;
Caminhei estrada afora
revivi momentos, instantes
distantes ou não,
e no lusco fusco do limiar da emoção
senti um olhar me fitando,
mas triste se afastava, me deixava;
Vi muitos erros repetindo-se lá fora,
refletindo em mares de lagrimas,
lágrimas que também chorei;
Sobrevoei o vasto lamaçal,
onde corpos em movimentos
enlameavam a alma na taça do mal,
quis fugir, quis sair,
mas como sair desse mundo
imundo
onde nem sempre o bem vence o mal?
Ouvi o soluço da minha criança,
vi a mão estendida,
vi uma vida quase perdida,
procurei apoio em outra mão,
não achei, senti frio,
minha mão ficou suspensa no vazio,
solitário
compreendi o meu calvário.
ANDRADE JORGE
03/10/06