ONDE VOU ANCORAR...
onde vou ancorar...
cansaço a me invadir.
logo, perco-me a pensar
em tudo que já fiz.
no que ainda faço...
e, em tudo que ainda farei.
neste mistério que é viver
em meio às labutas de cada dia,
no alvorecer, energia a me mover,
na força da fé que me ergue para vencer
na disposição que impulsiona o meu querer
no amor que me chama para amar e amar.
na razão poderosa de uma oração ao céu.
apreciar o milagre, a paz e o bem do suplicar.
onde vou ancorar...
os sonhos, os amores e dores que ficou no tempo.
aquelas lágrimas que escorreram fartas e teimosas
decepções que quase enlouqueceram o coração
loucuras de instantes decididos como desafio.
ah! alegrias tantas que transbordaram da essência do ser.
conquistas com ou sem troféus, vitórias e medalhas da alma
dívidas pagas com perdão sincero, humilde e infantil...
longos caminhos trilhados, solitários, cambaleantes
deixando em cada curva um pedaço de mim, assim, fatiado.
páginas escritas, borradas de lágrimas doídas, incompreendidas
inocência despertada para a maldade que rodeia, sugando o bem
julgamentos precipitados, condenando a prisão, mente sã, veraz
cansaço que grudou, sucumbiu e hoje lamenta o belo não vivido.
onde vou ancorar?
Gus, 15/10 - madrugada.