VOU OLHAR PARA O ESCURO
VOU OLHAR PARA O ESCURO
Delasnieve Daspet
Adeus, lua!
Branca lua que prateia minha vida,
Adeus!
Andei contigo em pradarias,
Dormi ao relento,
Vimos juntas o vento
Que fustigava a saudade,
És fiel companheira!
Tantos segredos compartilhamos.
Tantas promessas não cumpridas.
Sonhos natimortos
Ainda cheios de vida!
É chegada a minha hora.
Vou-me sem medo que me abandones.
O importante é que juntas
Nos refazemos em encantos e seduçoes.
Vou-me, Lua!
Vou-me ao encontro da vida,
Mas continuarei te fazendo poesia
Tentarei deixar-me livre para o mundo,
Buscarei a minha identidade
No perfume das flores,
Na brisa leve que passa,
Nos passaros que volitam no alvorecer!
Estou indo, levo a viola amiga
Que tantos versos te fez.
Levo minhas canções,
Quiça em outras terras
Eu cante outra vez!
Vou indo,
Triste e taciturna,
Por te deixar minh'alma lua
Em busca de outro viver...
Vou à procura
Dos néctar das flores,
Abelha em busca do mel.
Vou ao encontro da luz azulada,
Do por de sol doirado,
No horizonte que se encontra
Nos braços da terra nua,
E sugar no verde orvalho da manhã
As lágrimas de meu querer!
Sim, minha Lua,
Vou olhar para o escuro,
Com as pálpebras semicerradas
Como frestas na janela
Para te ver e as estrelas!
Andarei até alquebrar-me!
Mas um dia voltarei.
E quando voltar,
Sem tréguas nem fracasso,
Já terei palmilhado a estrada,
Eliminado o medo e o cansaço,
Outra vez - pronta a sonhar!
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20-08-2001 Campo Grande MS