Poetnia
(Homenagem a Gregório de Mattos)
Porto de Belém, Portugal, português.
Achamento.
Índios nus.
Luz. Reluz!
Mas não é ouro...
Tem pau. Muito pau.
Brasil... Nasceu!
Foi além. Cresceu!
Veio além. Viveu. Viveu!
Viveu e veio, viveu e vem,
viveu e vai...
E gera pau e gera pedra
e gera cana e gera gente;
E gera pau e gera pedra
e gera ouro e gera gente.
E vem gente.
Mais gente.
Gente?
Diferente...
Negro e negra.
Mais pau. Pau p'rá toda obra.
Mais pau. Pau p'rá trabalhar.
Negrinha de Nhonhô.
Açúcar queimado na Boca do Inferno
verde louro, amarelo ouro,
azul anil e negro.
E índio. E branco,
mulato, mameluco,
crioulo, cafuzo
e a todos acuso
do sentir poesia.
Por herdarem a felicidade,
a dor, o amor,
a alegria e a saudade
dos céus e dos mares,
das tribunas e dos bares
do berço da pátria,
a formosa Bahia.