Eu e a minha janela
Da minha janela vejo de tudo,
o elegante e o vagabundo.
O bacana e o moribundo...
e vou vendo a vida passar.
Da minha janela vejo solidão,
o mendigo e a escuridão.
Os apaixonados e o fanfarrão...
e tudo parece mudar.
Da minha janela vejo loucos,
pessoas com pressas, outras nem tanto.
Vejo caminhos se cruzando...
e vejo a vida passar.
Da minha janela vejo desespero,
festas, abraços e enterro,
ouço gritos em meio ao silêncio,
e vou tentando me encontrar.
Da minha janela vejo amigos:
sinceros, falsos, deprimidos.
Vejo sonhos na lata do lixo
e o mundo que insiste em encantar.
Da minha janela penso nela,
confundo riquezas com mazelas,
me lanço abismado na favela
e até esqueço de jantar.
A noite se avizinha na fresta,
o sol se despede na selva,
as luzes se acendem sem vela
e começo a me ausentar.
Mais um dia chega ao fim,
fecho a janela que para mim
é o que me faz ser assim...
...lugar que preciso sonhar.