Eu e a minha janela

Da minha janela vejo de tudo,

o elegante e o vagabundo.

O bacana e o moribundo...

e vou vendo a vida passar.

Da minha janela vejo solidão,

o mendigo e a escuridão.

Os apaixonados e o fanfarrão...

e tudo parece mudar.

Da minha janela vejo loucos,

pessoas com pressas, outras nem tanto.

Vejo caminhos se cruzando...

e vejo a vida passar.

Da minha janela vejo desespero,

festas, abraços e enterro,

ouço gritos em meio ao silêncio,

e vou tentando me encontrar.

Da minha janela vejo amigos:

sinceros, falsos, deprimidos.

Vejo sonhos na lata do lixo

e o mundo que insiste em encantar.

Da minha janela penso nela,

confundo riquezas com mazelas,

me lanço abismado na favela

e até esqueço de jantar.

A noite se avizinha na fresta,

o sol se despede na selva,

as luzes se acendem sem vela

e começo a me ausentar.

Mais um dia chega ao fim,

fecho a janela que para mim

é o que me faz ser assim...

...lugar que preciso sonhar.

Nelson Rodrigues de Barros
Enviado por Nelson Rodrigues de Barros em 03/10/2006
Código do texto: T255522
Classificação de conteúdo: seguro