FRIO DE OUTUBRO
Esta noite brumosa e fria
tão fora de época, outubro,
quanto a esta ventania
que resseca esses lábios rubros.
E ao meu lado a solidão
com seu bafo ainda mais gélido
em meu pescoço de espião,
melancólico, sem seu mérito.
Ingrata é esta estação
que não reconhece o que doei,
que abdiquei em junho, ambição,
foi com a alma que te amei.
Mais frio eu senti na cama
a frieza da tua ausência,
não ouvir a tua voz que me chama,
no cume da minha demência.
Me pesa o sono nas pálpebras
e vou perdendo os sentidos
envolvido em tais álgebras
pelo cansaço irei vencido.
Mas o sono me ausenta
e me desliga do frio temporão
e logo meu corpo se esquenta
e vou pelo sonho, pela imaginação.
(YEHORAM)