ELA
a poesia
encanta a mulher
seduz o homem
uiva em noite de lua cheia
pouco lhe importa
ser a porta
de palácio ou de cadeia
tanto visita a igreja
quanto se embebeda em um bar
faz também caridade
canta em aniversário
frequenta antros
e também maternidade
aprecia os ares da natureza, o campo, a roça
mas também se veste a rigor
nos ambientes da cidade
tanto enterra os mortos
quanto é exímia parteira
nas rodas dos bares é mestra da saideira
das mulheres é a maior namoradeira
quando bem entende se deita
em finas camas, em sofás,
na beira de uma praia, na esteira
e ainda se posta olhando o céu
absorta
nas cumeeiras
nada em rios caudalosos
desliza nas ribanceiras
toma banho nas cascatas
deita sob a copa das mangueiras
ah, a poesia também canta nas serenatas
a poesia, é bem verdade,
é irmã gêmea
da liberdade