Te olho
Te olho, como quem fecha as cortinas
e põe-se a espiar por uma fresta,
temendo ser vista.
Te olho demoradamente
como se olhasse um quadro...
A luz toca tua pele, teu cabelo
como se estivesse confusamente
atraída pelo teu cheiro.
Você se move,
Agita as moléculas,
deforma o espaço...
E consome - desavisado -
um desejo doce
que me escapa.
Temo abrir as cortinas
Trocar confissões, ser descoberta...
Deixo apenas nossos silêncios
envolverem nossos corpos
que estranhamente se reconhecem.
Deixo a noite nos esconder parcialmente
um do outro...
Então você me olha, envolto
em tuas próprias cortinas...
E teus segredos me penetram.