Te olho

Te olho, como quem fecha as cortinas

e põe-se a espiar por uma fresta,

temendo ser vista.

Te olho demoradamente

como se olhasse um quadro...

A luz toca tua pele, teu cabelo

como se estivesse confusamente

atraída pelo teu cheiro.

Você se move,

Agita as moléculas,

deforma o espaço...

E consome - desavisado -

um desejo doce

que me escapa.

Temo abrir as cortinas

Trocar confissões, ser descoberta...

Deixo apenas nossos silêncios

envolverem nossos corpos

que estranhamente se reconhecem.

Deixo a noite nos esconder parcialmente

um do outro...

Então você me olha, envolto

em tuas próprias cortinas...

E teus segredos me penetram.

Nanda NP
Enviado por Nanda NP em 10/10/2010
Reeditado em 10/10/2010
Código do texto: T2548630
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