MEUS MEDOS
Não tenho medo de morrer.
Tenho medo de não bem viver.
Não tenho medo d’’espinhos,
Mas sim, do morrer das pétalas
Que enfeitam tantos caminhos;
Não tenho daquilo que não conheço,
Mas sim, do que penso conhecer;
Não tenho medo morrer dormindo,
Tenho medo de ir dormir... Morrendo.
Não tenho medo da escuridão,
Pois ela força-me abrir os olhos;
Tenho medo da claridade absurda,
Pois esta sim me ofusca a visão.
Não tenho medo das feridas abertas,
Mas tenho medo das moléstias incertas;
As feridas abertas... Cicatrizam.
As moléstias incertas... Aterrorizam.
Não tenho medo das mãos de Deus
Recriminando meus passos errados;
Tenho medo das mãos do encardido,
Acariciando...Meus inúmeros pecados;
...Não tenho medo d’espinhos,
Mas sim, do morrer das pétalas
Que enfeitam os meus caminhos.