Aguda Neblina

É verdade,

Andei sumida.

Afinal, quem não andou?

Viver e não ver nada

É estar adormecida

E despertar pensando que não sonhou.

Ando por aí

De mãos dadas com problemas

Mantendo-os aquecidos perto de mim

Sinto-me morta, apenas.

Deitada num sono inerte

Com a cabeça no pesadelo sonhar,

Que é meu mal

Eu não vivo,

E acordo sempre indo deitar.

Queria deleitar-me em sonho agudo

Da fonte mais pura que há em mim

E não sofrer com a inexistência

Do clarão avermelhado no meu jardim;

Neblina aguda

Cobre-me com esbranquiçado algodão que passa

passivo sobre minha cabeça

E me disfarça.

É verdade,

Andei sonhada.

Quem sabe por dar-me um fim

No fino fio frágil entre a realidade

E a escolha do sim.

Saltar entre as montanhas

Do meu imperfeito bosque

Na busca do acordar perfeito

No desenrolar do desenrosque

Subir muros

Esfolar idéias gastas

Construir laços seguros

Refugiar-me em novas pautas

Poder livre, voar de mim

Segura, plena em vigor

E acordar em vida

Vivendo,

E morrer.

Mas só quando for de amor.

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 09/10/2010
Reeditado em 09/10/2010
Código do texto: T2547035
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