Do lado de cá do espelho

Recuo ante minha mãe no espelho

vê-la em mim me apavora

o timbre de voz nauseante

a semelhança que devora

reflete ela em mim, mutante.

E o que faço comigo?

Me divorcio do medo

não quero mais temer o não.

Tenho dormido com a dúvida

troco certeza por senão.

Assino alforria psicológica

não serei carona de ninguém

me aceito imperfeita agora

expelida a mãe que me controla

comprometo com o que me convém.

Norma de Souza Lopes