Perdi a sensatez na sexta-feira
Perdi a sensatez na sexta-feira
Perdi a sensatez na sexta-feira
E desfiz a solidão em outros braços!
A insana sede por teu beijo
Afoguei em outros lábios
Que poeta! Que mau hálito!
Desfilando nomes baixos
Senti-me uma boca-de-lobo
Na esquina da rua mais suja
A chuva de lágrimas...
A unção pagã nos baixos círculos
Entreguei meu corpo igual cordeiro
E senti, na morte, o pleno gozo
O delirante vinho deste sonho
Renovou o ardor das feridas
Perdi a compostura
Tornei-me baixa, impura
A noite me dará os seus braços
Quando chegar a hora de cair
Por enquanto, o que é teu entrego a outro
Em cujo suor me batizo contrita
A língua lambe, a pele grita
A mão retorce a carne aflita
Meus olhos não mentem, o outro nem nota
Só quer o meu corpo, que tanto evitas
Minhas juras de amor, queimei na lareira
Que aquece o inverno, no fogo do inferno.
(Djalma Silveira)