MINHA DESGRAÇA

Álvares de Azevedo

"Lira dos Vinte Anos"

Minha desgraça, não, não é ser poeta,

Nem na terra de amor não ter um eco,

E meu anjo de Deus, o meu planeta

Tratar-me como trata-se um boneco...

Não é andar de cotovelos rotos,

Ter duro como pedra o travesseiro...

Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido

Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,

O que faz que o meu peito assim blasfema,

É ter para escrever todo um poema

E não ter um vintém para uma vela.

O Mestre:

Álvares de Azevedo

"Lira dos Vinte Anos"

Douglas Fagundes Murta
Enviado por Douglas Fagundes Murta em 08/10/2010
Reeditado em 08/10/2010
Código do texto: T2544683
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