Eu me sei e só me sei tão pequeno
Ainda que haja imensidão no olhar
De se perder distante nos horizontes
Olhar para tudo quanto existe
Do chão ao limiar das estrelas
Olhar de entender o infinito
Olhar de saber eternidades
De sentir nas vidas todas a vida
E de se inquietar com a realidade
E em tudo é cada coisa que me faz
E depois desfaz para me refazer
E refeito tão perfeito e tão pequeno
O universo não passa de um abismo
Inimaginável mar de fenômenos
De um tempo absoluto interminável
Diante do que se não somos nada
Somos realmente muito pequenos

Tudo me parece maior do que eu
Uma gota de orvalho, uma folha caída
Um grão de poeira a voar no vento
Um segundo de um instante ínfimo
Um pingo de chuva, um facho de luz
O voo de uma borboleta, a lida da abelha
Uma semente de um porvir tão incerto
Um ovo de uma esperança no infinito
Eu já durei tanto para durar tão pouco
E duraria menos ainda para valer a pena
Se me soubesse mais o quanto pequeno
Que durasse um milésimo de segundo
Toda a história de minha vida inteira
Num milésimo de segundo apenas
Eu seria menor ainda do que imagino
Menor do que o amor que trago comigo
Que existe mesmo só para ser teu...


(Poesia On Line, em 06/10/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 07/10/2010
Reeditado em 01/08/2021
Código do texto: T2542279
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