[A Claridade de um Engano]

De tudo que vivemos, da tua passagem

pela minha estação, ficou um pouco...

Ficou o enigma do teu olhar ansioso

a ocultar-me os sentidos das palavras;

ficou o tom manso, calmo de tua voz;

ficou a lembrança de tuas mãos carinhosas

buscando as minhas por sobre a mesa;

ficou também [no ar] um falso quê

de desmistura de sentimentos:

nos enganamos... desde sempre?!

E o que será de nós... nada... não sei;

e não tenho tempo de saber,

apesar de ter todo o tempo...

Mas disto, eu sei: a tua passagem

em minha vida abriu uma clareira!

Basta, não explico mais: não sabemos

o que fazer com a luz — a claridade nos cega!

E, contudo, a claridade desse engano

é o que nossas almas torturadas

sempre buscaram nas madrugadas insones...

Enganos: quem é que não os comete?

[Espero ter sido suficientemente vago...]

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[Penas do Desterro, 07 de outubro de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 07/10/2010
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T2542185
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