A Senhora e o Sacerdote.
Diz-me senhor que sou fruto proibido
Purgatório, arritmia e conflito
Que rasga-se por ser comedido
E transforma prece em mito
Diz-me senhor que clama o meu ouvido
Para oferecer-me voz em delito
Com juras de amor e gemido
Depois, arrepender-se aflito
Não me diz senhor ensandecido
Que só meu corpo tem o dígito
Do código morse condoído
Nas entrelinhas do teu espírito
Não me diz senhor, pecado bendito
Santa heresia ou sonho atrevido
Sacerdote e querubim decaído
Mulher alheia infiel ao marido
Diz-me senhor, sonho esquecido
Pudor santo descorrompido
D' um suposto amor descabido
Dá-me o adeus em gemido.