O Barco
Para onde foram os sonhos
que depositei no porão daquele barco?
A âncora se soltou.
Talvez ele tenha se lançado ao mar...
o barco.
E no mar se perdeu em ondas e tormentas.
Então as velas se rasgaram,
quebrou-se o leme...
o barco.
Talvez ele tenha me lançado ao mar.
Quando então pude ver de perto o sol.
Quando assim pude estar
bem lá onde céu e mar são um só.
Onde consigo amar a todos porque longe estou,
e saber que, mesmo perto, eu amaria todas as imperfeições.
Quando então ao mar me joguei
para sentir a vida na água fria.
Para sentir a dor que começa nos pés
e termina nos sentimentos.
Talvez o meu barco tenha me levado de volta ao cais.
Mas lá cheguei com olhos de criança.
Cheios de curiosidade para remexer nos porões
onde depositei todos os sonhos.
Agora tão possíveis,
agora tão na mão para que possa com eles brincar.
Então, assim, em paz, com alegria,
construir um novo barco,
um novo porão,
depositar novos sonhos,
sair para um novo mar.