DESPEDIDA
Virei-me lentamente,
Olhei com olhos mareados,
Voltei um passo,
Não quero ir...
Não quero ir-me!!!
Com as mãos segurei meu peito,
Meu coração desatado
Quase salta...
Meus olhos buscaram você,
Meu gerente amigo,
O último gerente.
Meus olhos seguiram seu vulto,
Entre os vultos da agência.
Recolhi minhas coisas:
Pastas, planilhas, agendas,
Recortes e e-mails.
Qualquer coisa virou relíquia.
Quis ganhar um abraço,
Chorar nalgum ombro,
Sentir um afago,
Neste momento só meu.
Este choro contido e
Estes olhos perdidos são só meus!
Descanso meus olhos no vazio da noite,
Ah! Se um orvalho me acalmasse os sentidos!
Atravesso o vão,
E a porta se fecha...
Coisas ficam para trás...
Esqueço mágoas, esqueço atritos.
Perdôo tudo,
Perdôo todas as falhas.
Sigo em frente...
Um passo após o outro,
Vou pisando devagarinho,
Parece que o chão vai se abrindo...
No horizonte meus olhos se perdem.
Quantas lembranças!
Quantas vivências!...
Chego no estacionamento,
Desabo e choro.
Choro um choro convulsivo,
De desespero, sem fim.
Veio lá do mais fundo da alma,
Da mais profunda dor de solidão.
Fechei o portão da garage,
Demoradamente...
...e vim embora...
Pra casa,
Solitária e só.
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(excerto do Romance ‘O Último Gerente’)