MERLA

Cedi a teu rosto acre gosto de rua

que em tua alma pura supura em sangria,

parti-a tal noite em açoite que atua

e recua num tombo, um rombo no dia.

Em via distinta, retinta, ocre lua,

a nua, sem branco, em arranco, alumia,

magia que fiz a infeliz terra crua:

pactua não mais com casais, luz sombria.

Fatia de dor dura, escura cafua,

falua de mágoa na água bravia,

mão fria que esgana a humana adua.

Sou pua que em dente doente se enfia,

enguia que espreme o que treme, o que sua

e o acua em estrada do nada, apatia.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 06/10/2010
Código do texto: T2540334
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.