MERLA
Cedi a teu rosto acre gosto de rua
que em tua alma pura supura em sangria,
parti-a tal noite em açoite que atua
e recua num tombo, um rombo no dia.
Em via distinta, retinta, ocre lua,
a nua, sem branco, em arranco, alumia,
magia que fiz a infeliz terra crua:
pactua não mais com casais, luz sombria.
Fatia de dor dura, escura cafua,
falua de mágoa na água bravia,
mão fria que esgana a humana adua.
Sou pua que em dente doente se enfia,
enguia que espreme o que treme, o que sua
e o acua em estrada do nada, apatia.