Dispensando papel...

A poesia cabe num vão,

num buraquinho do chão,

num rasgo do coração...

A poesia cabe no vazio,

num sorriso sombrio,

num olhar meio frio...

A poesia não cabe na mentira,

na pedra que alguém atira,

nem na calúnia que ainda respira.

A poesia não cabe em versos ao léu,

sentimentos que não alcancem céu,

e assim dispensa o papel.

A poesia cabe na tinta da caneta,

no fundo de alguma gaveta,

ou no bolso de alguma jaqueta.

A poesia cabe numa máquina enferrujada,

numa agenda aposentada,

ou no olhar, de uma mulher apaixonada.

OLHOS RADIANTES
Enviado por OLHOS RADIANTES em 05/10/2010
Reeditado em 07/10/2010
Código do texto: T2540040
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