AS FLORES

As flores rubras,

despencadas da tenra primavera,

amanheceram na poça de óleo

mitigadas por gotas geladas de sereno.

Tão delicadas! Tão flores!

Faziam um reflexo rubro-negro

sobre a profundidade inviolável;

sobre o abismo intemporal;

sobre o infinito inescrutável.

Tão copiosas! Tão flores!

E nada mais no Universo todo

continha tanta doçura e tanta tristeza e tanta eternidade

como aquela imagem solitária abandonada à margem da rua.

Tão infindáveis! Tão flores!