ÚLTIMA CONFIDÊNCIA

A minha vida,

Flor margarida,

É como fumo que esvai

Pelas narinas do tempo;

É como o sopro do vento

Que não sabe pr’onde vai...

Vaga minh’alma tão triste

Por um deserto medroso!

E a solidão fria persiste

Pelo meu mundo assombroso!

Nesse existir transparente,

Em que me vejo afundando,

Guardo apenas o presente

Do teu perfume exalando.

A minha vida,

Ó flor amiga!

É como o sol do sertão

Que queima sem piedade;

É como a dor da saudade

Que arde sem ter compaixão.

As formas exatas d’antes

Não se repetem em mim:

Os sonhos voaram distantes,

Buscaram outro jardim.

Outrora, via minha vida

Em verde-bálsamo deitada.

Hoje sou poeira perdida

No vão esquecido da estrada.

E desta vida,

Ó flor querida!

Resta-me apenas deixar

Tudo sangrar, fenecer...

Sem jamais ter que sonhar...

Somente morrer... morrer.

***

GILMAR PEREIRA LIMA
Enviado por GILMAR PEREIRA LIMA em 04/10/2010
Reeditado em 15/05/2024
Código do texto: T2537039
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