ÚLTIMA CONFIDÊNCIA
A minha vida,
Flor margarida,
É como fumo que esvai
Pelas narinas do tempo;
É como o sopro do vento
Que não sabe pr’onde vai...
Vaga minh’alma tão triste
Por um deserto medroso!
E a solidão fria persiste
Pelo meu mundo assombroso!
Nesse existir transparente,
Em que me vejo afundando,
Guardo apenas o presente
Do teu perfume exalando.
A minha vida,
Ó flor amiga!
É como o sol do sertão
Que queima sem piedade;
É como a dor da saudade
Que arde sem ter compaixão.
As formas exatas d’antes
Não se repetem em mim:
Os sonhos voaram distantes,
Buscaram outro jardim.
Outrora, via minha vida
Em verde-bálsamo deitada.
Hoje sou poeira perdida
No vão esquecido da estrada.
E desta vida,
Ó flor querida!
Resta-me apenas deixar
Tudo sangrar, fenecer...
Sem jamais ter que sonhar...
Somente morrer... morrer.
***