SOLIDÃO RECONHECIDA
Reconheço quando estou só.
Vejo-me, sinto-me, paro
Para me encontrar.
Concerto meus avessos sentimentais
Arranco do peito minhas visitas sem estadia
Fecho a porta para as minhas ilusões
E reconheço o que
Deve habitar o meu coração.
Busco-me, me rebusco
Para me ser de verdade
E não viver robotizada
Pelas conveniências
Confinada no constrangimento.
Alienada a sapiências radicais
Enroscada em normas preestabelecidas
Estereotipada por padrões tradicionais.
Prefiro ouvir dizer que a loucura me define.
Quero-me eu para dar-me ou negar-me
Sem explicação ou falsos pudores.
Quero rir ou chorar para viver ou morrer inteira.
Fujo da razão que me enterra
E suga, de mim, a sintonia
Com o meu amor
Com a minha vida
Com a minha essência...
Quero sorrir, amar e
Vestir-me de sonhos
Já que, o querer e a minha essência
A razão, só uma parte
Do reduto da minha existência.
E a vida não e uma prova final
E um questionário diário
Que precisa ser revisto e respondido
Para confirmar ou desmentir as nossas certezas.
Reconheço quando estou só
E essa solidão aceita
E reconhecida
É o melhor caminho
Para aprender a me ser
Sem medo...