Ser, veja!

Querida, Famigerada

E perseguida, Cerveja.

Eu queria te sentir

Como eu te sentia

Quando, amiúde,

Eu te roubava,

Em golinhos nervosos,

Do distraído copo

De meu pai sonolento...

Hoje, que te tenho

livremente,

Não te sinto assim,

Tão boa, tão gostosa...

Apenas te degusto.

Eu ignoro que te proíbam

Nos dias de sufrágio.

Entretanto

Não és mais

A delícia do proibido,

O fascinante

Do escondido,

O maravilhoso

Do subversivo,

O exitante

Do desaconselhável.

Não és mais

como o beijo roubado

Da boca incauta

Da doce donzela.

Hoje, és apenas

A essência do lúpulo,

O espremido

Da cevada,

Um concentrado

De malta. Saudade...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 03/10/2010
Reeditado em 08/10/2010
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