Ser, veja!
Querida, Famigerada
E perseguida, Cerveja.
Eu queria te sentir
Como eu te sentia
Quando, amiúde,
Eu te roubava,
Em golinhos nervosos,
Do distraído copo
De meu pai sonolento...
Hoje, que te tenho
livremente,
Não te sinto assim,
Tão boa, tão gostosa...
Apenas te degusto.
Eu ignoro que te proíbam
Nos dias de sufrágio.
Entretanto
Não és mais
A delícia do proibido,
O fascinante
Do escondido,
O maravilhoso
Do subversivo,
O exitante
Do desaconselhável.
Não és mais
como o beijo roubado
Da boca incauta
Da doce donzela.
Hoje, és apenas
A essência do lúpulo,
O espremido
Da cevada,
Um concentrado
De malta. Saudade...