Desço do metro...(Cotidiano)
Desço do metrô
Pego a escada rolante
E subo, saio da escada,
Dou alguns passos e
Atravesso a catraca
Para sair, duas moças,
Jovens entre 18 e 20
Anos, ambas bonitas,
Uma olha-me, com a
Cabeça a cumprimento
E sorrio, ela vira-se
Para a outra, viu, eu só olhei,
E o cara sorriu, que velho safado.
E eu penso, fui ser educado e
Viro um velho safado,
Tempos modernos
De onde eu venho
Lá da antiguidade
Cumprimentar era
Sinal de educação
Agora é safadeza
Mas, sigo em frente.
Ando mais um pouco
Pego a outra escada
Rolante e no final
Mais alguns passos
Estou na calçada
Da Avenida tão amada
Em versos e prosas
Decantadas pelos poetas
Dessa e de outras eras.
Meus passos lentos
Vão levar-me do MASP
Ao trabalho, o clima frio.
As roupas antigas saíram do baú
O cachecol, pulôver, a capa.
A parca, o, sobretudo,
Ah! O meu velho casaco de couro
Todo arranhado, cheio de cicatrizes.
Cheio de estórias que só ele sabe,
Ninguém se olha, ninguém se vê.
Apressados seguem, o horário, o
Trabalho, o tempo ruim, o céu
Nublado nos deixa irados, tristes,
Ando com passos lentos, sem pressa.
De chegar, mas chegando sempre, eu
Tenho tempo, sai de casa mais cedo.
Paro no farol fechado, um tosse, outro
Tosse, um outro reclama da demora
Do farol em abrir, pelo sotaque era
Baiano, com tanta pressa assim, virou
Paulista.O farol abriu, na pressa alguém
Esbarra em mim, ponho a mão no bolso
A carteira esta no lugar, checo o celular
Também esta, dessa vez não fui roubado
Ainda bem. Estou chegando na escadaria
Cartão postal, sempre cheia de estudantes
Uma equipe de TV, grava uma matéria
Eu entro, cheguei, são e salvo e no
Horário. Até que enfim.
Fim
ABittar
poetadosgrilos