REALCE

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Recatado e oficial,

meu ritual diante dos mortos é comportado e final.

Tem minuto de silêncio para chamar a palavra,

tem toque de despedida para despertar verdades.

Quando a mãe terra abre a boca,

morta de fome e de gozo,

o céu escancara as portas sem gonzos

e o tempo pára, porque uma borboleta nasceu...

O que me encanta nos retratos da Família Imperial brasileira

é Isabel,

com seus olhos fundos de imortalidade,

serenos, bondosos, profundos...

Sem as vaidades que eram de se esperar no visual da realeza,

só com a dignidade!

Quem foi que matou a alegria da minha Princesa,

mas não conseguiu fazer nela uma tristeza?...

Ela ficou apenas séria,

sem nada que lembre uma sereia, uma pétala,

uma pérola perdida na areia...

As barbas de Dom Pedro II podiam ser de um profeta,

as bases de quem vive neste mundo podiam ser de um atleta...

Isabel e o Conde d´Eu,

e todos aqueles em que a vida vai doer...

Ou já doeu!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 01/10/2006
Código do texto: T253459