Vagalume
Respiro todas as partes da noite,
acolho em cada célula uma estrela...
Tenho um grande globo branco
de brilho melancólico
em meus pulmões.
Suspiro...
E devolvo a noite aos poetas.
aos boemios, aos insones.
Resta-me apenas
- e bem no fundo do peito -
um perfume adocicado
exalado pelos que sonham.
E, como fosse minha vigília
um sonho mais desesperado que tudo
Puxo o ar com força
e misturam-se, em minha ânsia
as luzes e os devaneios
de todos os astros...
Então flutuo, embriagada,
regurgitando pequenos pacotes de luz
em contidas doses...
Sinto-me um vagalume, que outrora foi estrela
E num descuido destacou-se
e despencou do céu.