Burra Preta
Burra Preta saltou da memória de Fortaleza,
ressuscitada, ganhou as ruas da cidade.
Esfregou o traseiro escandaloso
em flanelinhas de higiene duvidosa,
limpou a vista com o torso nu de catadores
de mentiras abandonadas no lixo das ruas.
Dos loucos de rua, a nudez
despretensiosa devassou com luxúria.
A alma, sujou com os dedos
que lhe apontaram a cara
pelos caminhos onde ousou deixar
suas pegadas com passos firmes
das pernas grossas de ferro em brasa.
Cremou com sonhos de fogo
os dedos de quem lhe negou
a humanidade enquanto houve vida.
Não coube nesse mundo sua alma.
Foi abduzida, então, sob impropérios,
da intimidade de suas praças
por naves-borboletas gigantes
para o País de galos e dragões
medonhos de Chicos da Silva
para o delírio de outras vidas
no País Mítico de Juberlano
para sempre!