EU NÃO SEI CHORAR (Flertando com o escuro)
Quando, finalmente
se descobrir que o tempo passa
e não mente
E quando a luz se apagar
o que resta, o que haverá
no fim da festa?
O que existe no escuro
É a verdade do travesseiro
É o aperto amargo
o que não engana
o que não inflama
apenas dói
A falta de ar
É o que me acerta em meus erros
São sempre os mesmos
São as palavras do desepero
São as vozes de um mundo inteiro
Fantasmas atrozes, tempos velozes
O que não existe
é o que insiste
em me assombrar
É o minuto que fugiu
Aqueles tempos que sumiram
São as lembranças
As esperanças
De que tudo vai mudar
Enfim, um dia...
Os ventos e tormentos
A maré que vai e vem
A eterna espera
Eterna fera
A se domesticar
Aprender a esperar
Até demais
e ser de menos
Deixando para trás
O que mais importa
O que passou
e não tem volta
Tudo vai passar
Um dia, sem melodia
Quando tudo esfriar
no silêncio...
Dorme agora
Tudo é apenas solidão
Me dê um beijo
Me dê a mão
Nesse caminho
Já me perdi
sem encontrar
o que procuro
no escuro
o futuro
São tantos muros
São tantos murros
Tantos furos
As incertezas do caminho
Estou sozinho
Será que
algum dia
eu não estive
só, somente eu?
Sozinho
Sem a fala, sem a luz
Só tenho a falta de ar
E o incerto que conduz
A multidão, e os faróis
São tantos sóis
São tantos passos
Perambulando e sonambulando
Na esperança de chegar
Em qualquer lugar
Em algum lugar
Do outro lado
No outro dia
No fim da agonia
Na ensolarada imensidão
Vou embora
Não quero ficar
Não foi em vão
Abaixo do chão
a ilusão é pra quem fica
Ainda vivo!
Estou cansado
de todo gado
de todo agrado
e sorriso amarelo
farelo e farrapo
Eu não sei chorar