Pelo simples prazer de fazer!

...e a poesia que transbordava em nós, desatou?

Rangia feito carroça velha, num vaivém de fazer tontura em estômago vazio. Sentava ali todo santo dia, na mesma hora. Papel e lápis na mão. Seguia com os olhos aquele movimento e nele se embalava. Cingia-lhe sua cintura e seus olhos, marejados de suor, despiam as folhas ainda inocentes na arte de criar.

Não, não sentia medo dos nós que davam em sua cabeça. Oca, diziam. E daí? Quantas coisas lindas já vira num pau oco! Quantas!

E desandava numa correria de escrever onde os longos cachos depositavam seu aroma em cada palavra ali debulhada. E ela ria dos dedos que pareciam de molas..nhoc, nhoc, nhoc...

Freava os versos com os pés que levantavam fina poeira e numa sacudida de saias, debandava campo afora espalhando poesia ali gerada.

Escrevia para o vento, para os amores de esquina, escrevia para a lua que beijava o sol ao meio dia, num lugar onde ninguém os via, escrevia pro além, além de nós desatados na emergência de se fazer poesia!

Carmem Lucia
Enviado por Carmem Lucia em 30/09/2010
Código do texto: T2530576