ALMA NUA
desentranhado de um texto de Claudina Dias
o que me desperta
nesta convicção crua,
do que é desperto
e do que é
esta alma nua?
o que me desconforta
dentro deste espaço,
de cada porta entreaberta
e do que é
esta alma nua?
o que me desconcerta
nestas mãos vazias,
nos dejetos da vilania
e do que é
esta alma nua?
o que me importa
nesta condição de fantasia,
que pela rua se posta distante
e do que é
esta alma nua?
quero por todos os poros
esta visão expectante;
quero o sol da fantasia
que se aporta
nesta alma nua.
quero o mundo desvestido
das bocas pretas e desnutridas,
das mãos sedentas e dos preconceitos,
não quero uma visão sombria
do quanto me desperta
a insistência desta alma nua.