Lágrimas da cachoeira

Fiquei engasgada

Tudo parecia tão tranqüilo

Quando subia a serra da verdade

Mas...

No caminho um menino sorridente

Engasgou-me

Uma realidade que doía n’alma de mulher

Num burrico, tal qual o menino Jesus

Levava lenha para aquecer o alimento que a poesia não fornece

Nem sequer empresta

Meus olhos marejados engolia o choro

De uma fortaleza tão frágil

Talvez eu não queira mais escrever!

Com o choro entalado na garganta, continuamos a subir a serra

Com paisagens quase lindas

De filhotes que se exibiam na pedra

Meu sorriso abria-se

Uma jornada tão forte e firme

No propósito de contemplar uma cachoeirinha

Ao pé da serra...

E o som da água perdeu-se...

Procurei...

Tinha esperança e não ouvia

Meu coração partiu-se, quando vi um cenário tristonho

Um som fúnebre de silêncio

A cachoeirinha não mais estava ali

Lugar sagrado que eu vi

Agora não mais existia

-Larga aqui tuas lágrimas!

Falou a cachoeira morta

Lixo, águas represadas

De uma Realidade Torta...

De novo engoli o choro

Para não decepcionar o guia

Uma linda cachoeira não mais havia

Só lágrimas, ruminadas no sopé da poesia!

Julia Rocha

29/09/2010

Julia Rocha
Enviado por Julia Rocha em 29/09/2010
Reeditado em 03/10/2010
Código do texto: T2528486
Classificação de conteúdo: seguro