ROSAS DESFOLHADAS

Rosas, ó rosas desfolhadas,

De tantas recordações amorosas,

Marcam as páginas amareladas

No meio do livro silenciosas.

Os poemas, no livro aprisionados,

Vertem lágrimas de sangue

Sob as pétalas, olhos estagnados,

Da folha de papel exangue.

Pétalas que inspiraram meus sonetos,

Notas que ritmaram meus cantos,

Hoje são apenas esqueletos

Dispostos em vários cantos

Dum jardim sem vivacidade,

Porque se foi num raio de lua

Para o céu da minha saudade

O meu amor deixando na rua,

Refletido numa poça d’água,

Seu rosto firme de traços bonitos,

Na testa fundos vincos de mágoa

Lembrando dores de velhos atritos.

E só restaram as rosas ressecadas,

Rosas, rosas, rosas e mais rosas,

Entre as folhas do livro abandonadas

Sufocando as estrofes suspirosas.

29/09/06.