A MENINA...


Sorriu para mim, a menina,
-Súbito alento, amainando as dores em meu peito!
Olhou-me, com olhos curiosos...
-Meigos olhos, de quem não viu, a vida toda, ainda!
Chegou perto do vidro, bateu, com suas mãozinhas,
o frio vidro, de minha transparente e estranha prisão...
A menina lá fora, toda sorridente,
amarguras, aqui dentro comigo, amarrotando minhas feições...
Destinos, distintos;
para ela, todo caminhos...
Para mim, imobilidade e solidão!
Seu sorriso para mim foi um pouco de tudo:
Inocência, curiosidade, juventude!
Para ela talvez eu nem passasse de um estranho peixe,
num aquário!
Um pássaro, numa gaiola transparente!
Que mesmo em algo parecido consigo,
era apenas um estranho, pelo qual passasse...
E em seu primeiro sono, será esquecido!
Ela, no entanto, com o seu sorriso,
mostrou-me um pouco, que ainda estou vivo!
Homem, pássaro, peixe, livre, preso, solitário,
ainda tem o sangue vibrando...
E o seu sorriso lindo, franco, largo,
foi uma luz que atravessando o vidro,
fez brotarem lágrimas em meus olhos velhos e cansados...
Senti-me acolhido por um pequeno, grande abraço!
Onde estão meus entes queridos?
Enquanto eu aqui, me sinto triste, solitário e perdido!

Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
12/09/2010