A Voz

De repente eu ouvi a voz

calma e tranquila

com um convencimento atroz

que devagar te aniquila

Que me possui e me envolve

no enlevo da ternura.

A suave voz que cura

a dor como um revólver

Transformando-se em morte

com sua aflição e eterna paz.

Como a lâmina que faz um corte

no doente que aqui jaz.

Essa voz é como o canto da sereia

Que me envolve e me rodeia

de expectativas e excitação

Me levando à própria destruição.

Aquela voz tão serena

Que domina minha alma

Com a eficiência de quem envenena

Tirando-me toda a calma.

Que bom que meu destino é morrer!

Sendo essa minha única certeza

Que me venha essa defesa

do complexo que é viver.

E assim essa voz silenciar-se-á

para mim e meus ouvidos

Se minimizará a um zumbido

E não mais me encantará.

Karen França
Enviado por Karen França em 29/09/2010
Reeditado em 30/09/2010
Código do texto: T2526885
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