Beijo a boca suja da dor
para sentir o travo amargo
da putrefata vida
Piso nos ridículos sonhos
Despeço-me dos dias risonhos
Lambo minhas feridas
Diante do sepulcro do dia
rezo o terço da agonia
Despeço-me da estúpida ilusão
Rasgo o ventre da solidão
desato as algemas do coração
Corto as asas da poesia!
Faço um inventário das fantasias
Sou senhora do meu tempo
Não tenho medo dos nós da vida!
Recife 20/04/2006