Droga (uma)
Nessa vez sentiu medo, pavor tremendo
pela imensidão sentida
vagueando sem rumo na cidade escura, suja,
imunda
de cheiros estranhos embrenhados na sujidade negra,
tudo sem sentido, isolado, deserto sem areia,
na solidão do destino escolhido por acaso,
como em tudo,
agora assim parado, olhando as janelas acesas
nos reflexos imaginados de vida,
desejava o regresso seguro, pouco mais teria
sentido.
Sentado na estação,
olhando comboios apressados, tinha fome da alma
desprezada por olhares escondidos,
fora herói conhecido mais depressa que electricidade,
apagando todas as velas acesas
rodeando sepulcro inventado,
escreveu mandarim lendo o sumério esquecido pelos tempos,
todo o sonho desfeito na loucura encontrada em monstros
sem face,
esquecimentos do azul do mar,
sem cavalos marinhos refugiados em corais exuberantes,
andou assim sem preocupações, sentimentos,
tatuagem da morte em braço esfacelado comandava,
obrigava,
insistia,
sem remorsos
sem retorno.