Tear do Silêncio
Os sonhos ainda acordam em teus olhos
E é meu nome que te envolve a memória
Em teus lábios o tear do silêncio
Enovelando os fios de cada palavra
Aquelas que bordariam tua confissão
É mesmo no descuido dos olhares da razão
Que a saudade espalmada abre-te os braços
Tecendo os matizes do sentimento emudecido
Não fosse o suspiro dos teus silêncios
E a linguagem das tuas mãos eu não saberia
Do transgredir da emoção do açoite do delírio
Do acalanto da lembrança da minha voz
Embalando-te da insônia dos teus dias
Mas é preciso que te esqueças do sol
E que continues a conjugar-me
No ardor de todos os teus devaneios
Silabando-me no mergulho profundo do sono
E me deixas ficar no descanso da noite
Entre o pensamento e o teu peito
E no despertar das pálpebras do amanhecer
Quando os olhos reconstroem os senões
As hesitações e todas as incertezas
Melhor fingir que sentes em teu rosto
A brisa de uma quase vida
Que pulsa inútil em teu peito vazio
Sabes, no entanto que teus olhos
Prosseguirão a me buscar
Na secreta solidão dos teus dias
Talvez nenhuma manhã possa viver nosso sonho...
Fernanda Guimarães
www.fernandaguimaraes.com.br