Poema para um Amor - II
E ainda não me vi em teus olhos
Mesmo sabendo-me em ti
No espanto melífluo da saudade
Que fala a minha voz em teu peito
Diálogo de letras invisíveis
Consumado na grafia silente
Em que se escreve
O idioma dos amantes
É o teu olhar que ocupa
Todas as dimensões do espelho
Em que se mira a minha existência
Entre nós, silêncios tão eloquentes
Que calam todas as palavras inúteis
Naquilo que não revelamos, adivinhamo-nos
No esculpir sorrateiro em que conspiram
As mãos onde ardem todos os segredos
E suspendem em suas linhas nosso destino
Linguagem que se delineia insinuando
O mistério que nos impele
É o teu rosto que se reflete
Feito lume nas minhas manhãs
Descerrando as cores e sonhos
Mesmo quando sou esboço, rascunho
Imagem coberta pela penumbra
Nos dias cansados pela tua ausência
Fernanda Guimarães
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