Poema para um Amor - II

E ainda não me vi em teus olhos

Mesmo sabendo-me em ti

No espanto melífluo da saudade

Que fala a minha voz em teu peito

Diálogo de letras invisíveis

Consumado na grafia silente

Em que se escreve

O idioma dos amantes

É o teu olhar que ocupa

Todas as dimensões do espelho

Em que se mira a minha existência

Entre nós, silêncios tão eloquentes

Que calam todas as palavras inúteis

Naquilo que não revelamos, adivinhamo-nos

No esculpir sorrateiro em que conspiram

As mãos onde ardem todos os segredos

E suspendem em suas linhas nosso destino

Linguagem que se delineia insinuando

O mistério que nos impele

É o teu rosto que se reflete

Feito lume nas minhas manhãs

Descerrando as cores e sonhos

Mesmo quando sou esboço, rascunho

Imagem coberta pela penumbra

Nos dias cansados pela tua ausência

Fernanda Guimarães

www.fernandaguimaraes.com.br

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 17/06/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T25249