CABELOS NEGROS
CABELOS NEGROS
Fio a fio
Cartaz de um bom filme
Cabelos negros como a noite
Cabelos firmes
Lisos como um mar calmo
Torço para que não se cortem
Se deixem cair pelos ombros
Feito uma índia que nua
Cobre seus seios
Com as madeixas caídas
Fio a fio
Quanto tom tem esse negrume
Cabelos de seda
Desfiados em desafio
Torço para que se soltem
Desnudando a índia linda
Deixando-a solta
Quero que voem ao vento
Livres como graúnas
E pousem em meus braços
Fio a fio
Quero seus cabelos entre meus dedos
Para te domar com carinho
Como quem monta a pêlos
A mulher feminina que me espanta
E me faz seu escravo
Seu torto escravo
Que em desejos impróprios
Deseja puxar e repuxar as mechas
Fio a fio
Cabelos negros de luz
Não são meros fiapos de pêlo humano
São delicadas tecelagens divinas
Perdidas em sua dimensão
Eu daqui a vê-los
E eles ai, soltos
Sem meus dedos a acariciá-los
Fio a fio
Fito o desejo de tê-los
Mas sei o que me cabe
Somente ter deles a idéia
O que na tela se abre
Quando mereço tê-los
Mas sei que nem sempre me cabem
Mesmo aos meus maiores apelos...